Em um cenário político já aquecido e tenso, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) enfrentou um revés significativo nas intenções de voto após um incidente polêmico que marcou o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (SP). O apresentador e também candidato, José Luiz Datena (PSDB), protagonizou um dos momentos mais comentados da semana ao agredir Marçal com uma cadeira durante o debate, o que parece ter gerado impactos nas pesquisas eleitorais.
Segundo a pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (18), realizada entre os dias 15 e 17 de setembro, Marçal viu suas intenções de voto oscilarem negativamente, caindo de 23% na semana anterior para 20%. Esse movimento o distanciou dos dois principais adversários, Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, e Guilherme Boulos (PSOL), que se consolidam como os candidatos mais fortes da disputa.
O impacto nas intenções de voto
Enquanto Marçal recuou nas intenções de voto, Nunes manteve os mesmos 24% da pesquisa anterior, o que demonstra estabilidade em sua candidatura. Por outro lado, Boulos, um dos principais nomes da oposição, apresentou um leve crescimento, subindo de 21% para 23%, consolidando ainda mais sua posição de liderança ao lado de Nunes.
Apesar dessas movimentações, o cenário eleitoral ainda é incerto. A margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos mantém os três candidatos tecnicamente empatados. Marçal, mesmo com a queda, ainda pode variar entre 17% e 23%, Nunes entre 21% e 27%, e Boulos entre 20% e 26%. Ou seja, qualquer mudança nas próximas semanas pode alterar drasticamente o quadro, tornando a disputa pelo segundo turno totalmente aberta.
Se a eleição fosse hoje, segundo os números apresentados pela Quaest, não seria possível cravar quais dois candidatos iriam ao segundo turno, deixando a corrida completamente indefinida.
Marçal perde força entre os bolsonaristas?
O influenciador Pablo Marçal, que nos últimos meses vinha crescendo de forma consistente, rivalizando com Ricardo Nunes pela base de eleitores de Jair Bolsonaro (PL), enfrenta agora um momento de estagnação. Na semana passada, Marçal havia alcançado 24% das intenções de voto, um marco expressivo para quem, em junho, tinha apenas 11%. Contudo, após o episódio do debate, sua campanha sofreu um abalo, e a pesquisa revela que sua tendência de crescimento parece ter sido interrompida.
Especialistas indicam que o público bolsonarista, dividido entre Nunes e Marçal, ainda não se consolidou totalmente em torno de um único candidato. O incidente no debate pode ter feito com que parte desse eleitorado reavaliasse sua escolha, o que explicaria o recuo nas intenções de voto de Marçal.
Datena e o efeito da exposição negativa
Curiosamente, José Luiz Datena, que foi o protagonista da agressão no debate, viu suas intenções de voto oscilarem positivamente. O apresentador subiu de 8% para 10%, um crescimento dentro da margem de erro, mas significativo considerando o aumento de sua exposição midiática após o episódio.
Apesar da repercussão negativa do ato, Datena conseguiu atrair a atenção do público de uma forma sem precedentes. Segundo o Google Trends, o número de buscas por “Datena” cresceu mais de 1.000% nas horas seguintes à agressão, sendo o termo mais pesquisado no Brasil no dia seguinte. Essa visibilidade, mesmo que por um motivo controverso, trouxe o candidato de volta ao centro das atenções, em um momento em que sua campanha parecia estagnada.
Tabata Amaral (PSB), que vinha disputando de forma acirrada com Datena o quarto lugar, oscilou de 8% para 7%, o que os mantém tecnicamente empatados, mas agora com o apresentador numericamente à frente.
Cenário de segundo turno
A pesquisa Quaest também fez simulações de segundo turno e trouxe cenários interessantes. No embate entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, o atual prefeito sairia vencedor com uma margem confortável: 46% contra 35%. Já em uma disputa entre Nunes e Marçal, o influenciador perderia por uma diferença ainda maior, com o prefeito vencendo por 47% a 27%.
No entanto, o cenário mais acirrado seria entre Boulos e Marçal, onde o resultado indicaria um empate técnico. Boulos teria 42% das intenções de voto, contra 36% de Marçal, dentro da margem de erro, o que deixa a possibilidade de vitória aberta para ambos.
O que vem a seguir?
Com a proximidade das eleições e o clima de polarização crescente, os próximos debates e movimentações de campanha podem ser decisivos para o desfecho dessa disputa. Os incidentes como o ocorrido no debate com Datena são indicativos de como a corrida eleitoral está acirrada e cada detalhe pode impactar diretamente as intenções de voto.
Os números da pesquisa Quaest, com seus altos e baixos para os principais candidatos, refletem um cenário de incerteza, onde qualquer movimento pode ser determinante para o resultado final. Marçal, apesar do revés, ainda tem espaço para se recuperar, e Datena, mesmo com um episódio de agressão, conseguiu chamar a atenção do eleitorado. Por outro lado, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos continuam sólidos, dividindo a preferência dos paulistanos.
O eleitorado, especialmente o indeciso, será peça-chave nessa equação, e a reta final promete ser de forte disputa. Resta saber se Marçal conseguirá reverter sua queda, se Datena manterá sua subida discreta, e se Nunes e Boulos consolidarão suas campanhas rumo ao segundo turno. A cada nova pesquisa, o cenário pode mudar, tornando essas semanas finais cruciais para a definição da corrida eleitoral em São Paulo.
Números da pesquisa Quaest (18 de setembro):
- Ricardo Nunes (MDB): 24%
- Guilherme Boulos (PSOL): 23%
- Pablo Marçal (PRTB): 20%
- José Luiz Datena (PSDB): 10%
- Tabata Amaral (PSB): 7%
- Marina Helena (Novo): 2%
- Bebeto Haddad (Democracia Cristã): 0%
- João Pimenta (PCO): 0%
- Ricardo Senese (Unidade Popular): 0%
- Altino Prazeres (PSTU): não pontuou