OMS Alerta para Nova Variante Perigosa de Mpox na República Democrática do Congo
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta preocupante sobre uma nova variante mais perigosa da mpox, doença anteriormente conhecida como varíola dos macacos. De acordo com a entidade, a República Democrática do Congo enfrenta, desde 2022, um surto persistente da doença. A intensa transmissão do vírus entre humanos levou a uma mutação até então desconhecida, aumentando significativamente o risco de uma nova crise sanitária global.
Situação Atual e Dados Alarmantes
egundo a OMS, a nova variante 1b da mpox na África Central apresenta uma taxa de letalidade superior a 10% entre crianças pequenas, uma cifra alarmante quando comparada à variante 2b, que causou a epidemia global de mpox em 2022 e apresentou uma taxa de letalidade de menos de 1%. A organização contabiliza atualmente mais de 95 mil casos confirmados da doença em 117 países, além de mais de 200 mortes.
“Esse é um número impressionante quando consideramos que apenas alguns milhares de casos de mpox haviam sido relatados até então em todo o mundo e, de repente, estamos nos aproximando de 100 mil casos”, destacou Rosamund Lewis, líder técnica sobre varíola dos macacos do Programa de Emergências Globais da OMS.
Surto na República Democrática do Congo
Desde setembro de 2023, a província de Kivu do Sul, no leste da República Democrática do Congo, tem sido epicentro de um surto causado por uma cepa de mpox com mutações até então não documentadas. “Essas mutações sugerem que o vírus tem sido transmitido apenas de humano para humano”, afirmou Rosamund Lewis. Este fator aumenta a preocupação sobre a possível disseminação global da nova variante, especialmente considerando as elevadas taxas de letalidade e a capacidade de transmissão do vírus.
Transmissão e Impacto na Saúde Pública
Rosamund Lewis relembrou que a epidemia global de mpox em 2022 apresentou um fator incomum: a transmissão do vírus ocorreu principalmente por via sexual. Dados recentes da OMS indicam que um terço dos casos da nova variante 1b foi identificado entre profissionais do sexo. Além disso, há evidências de que a infecção em mulheres grávidas pode causar sérios impactos no feto, complicando ainda mais o cenário epidemiológico.
Quando questionaram Rosamund sobre o risco de que a mutação possa levar a uma maior transmissibilidade da doença e, consequentemente, a uma nova propagação global da mpox, ela foi clara: “Sim, o risco claramente existe. Já vimos isso antes e sabemos que é possível. Já vimos isso acontecer com a variante 2b”. Ela enfatizou que a transmissão está ocorrendo de pessoa para pessoa por meio do contato sexual em áreas com alta densidade populacional e grande fluxo de pessoas cruzando fronteiras. Para conter a disseminação, a OMS está apoiando os países na vigilância de casos, detecção precoce e capacidade laboratorial, além de considerar, eventualmente, a imunização contra a doença.
Características da Mpox
A mpox é uma doença viral zoonótica, com transmissão para humanos ocorrendo por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas geralmente incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados, febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza.
De acordo com o Ministério da Saúde, o período de incubação do vírus varia de três a 16 dias, podendo chegar a 21 dias. Após o desaparecimento das crostas na pele, a pessoa infectada deixa de transmitir o vírus. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas podem aparecer antes. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e caem. O número de lesões varia de algumas a milhares, concentrando-se no rosto, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas podendo ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, olhos, órgãos genitais e ânus.
Emergência e Resposta Internacional
Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox não configurava mais uma emergência de saúde pública de importância internacional. Contudo, em julho de 2022, a entidade havia decretado estado de emergência devido ao surto da doença em diversos países.
“Assim como com a covid-19, o fim da emergência não significa que o trabalho acabou. A mpox continua a apresentar desafios significativos de saúde pública que precisam de uma resposta robusta, proativa e sustentável”, declarou, na época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Ele ressaltou que casos relacionados a viagens, registrados em todas as regiões, demonstram a ameaça contínua. Existe risco, em particular, para pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada. É crucial que os países mantenham sua capacidade de teste e seus esforços de vigilância, avaliem os riscos, quantifiquem as necessidades de resposta e ajam prontamente quando necessário.
Medidas de Prevenção e Contenção
Para enfrentar a ameaça da nova variante da mpox, a OMS tem colaborado com autoridades de saúde globais para implementar medidas de prevenção e contenção. Essas medidas incluem a vigilância rigorosa de casos, a detecção precoce de infecções, o fortalecimento da capacidade laboratorial para testar e identificar a doença, e a possível implementação de campanhas de imunização.
A prevenção da transmissão de mpox também depende da educação da população sobre as formas de contágio e os sintomas da doença. Campanhas de informação pública são essenciais para alertar sobre os riscos e promover práticas seguras, especialmente em áreas de alta densidade populacional e entre grupos de risco.
A nova variante da mpox representa um desafio significativo para a saúde pública global. Com uma taxa de letalidade alarmante e uma capacidade de transmissão preocupante, especialmente entre populações vulneráveis, a resposta internacional precisa ser coordenada e eficaz. A OMS, juntamente com autoridades de saúde de diversos países, está trabalhando para monitorar a situação, prevenir a propagação do vírus e proteger a saúde das populações afetadas. A conscientização pública e a cooperação global são fundamentais para enfrentar esta ameaça emergente e prevenir uma nova crise sanitária mundial.