Nubank: Crescimento Acelerado e Desafios no Segundo Trimestre de 2024

O Nubank (NU) demonstrou sua força no mercado financeiro ao mais que dobrar seu lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2024, conforme resultados divulgados nesta terça-feira (13). O lucro atingiu impressionantes US$ 563 milhões (aproximadamente R$ 3,1 bilhões), superando não apenas o valor registrado no mesmo período do ano anterior, mas também as expectativas de analistas, que previam US$ 472,5 milhões, segundo dados compilados pela LSEG, conforme reportado pela Forbes Brasil.

Essa performance robusta foi celebrada pelo mercado, com as ações do banco digital em Nova York registrando uma alta de cerca de 6% no pós-mercado, logo após a divulgação dos resultados. Esse crescimento reflete a confiança dos investidores na capacidade do Nubank de continuar expandindo suas operações de maneira sólida e consistente.

Margem Bruta e Expansão da Carteira de Crédito: Os Principais Motores do Crescimento

Segundo o diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago, o principal impulsionador do crescimento no lucro líquido do trimestre foi a expansão da margem bruta, especialmente no Brasil. Esse crescimento foi impulsionado pela ampliação significativa da carteira de crédito do banco, que alcançou US$ 18,9 bilhões (R$ 103,95 bilhões), um aumento expressivo em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A receita líquida do Nubank também apresentou um crescimento substancial de 65% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 2,8 bilhões (R$ 15,4 bilhões). No entanto, esse crescimento ficou ligeiramente abaixo da expectativa média de US$ 2,92 bilhões, segundo dados da LSEG. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado não ajustado, um indicador crucial de lucratividade, subiu para 28%, em comparação com 17% no ano anterior.

Inadimplência: Um Sinal de Alerta no Horizonte?

Embora os resultados do Nubank tenham sido recebidos com otimismo pelos analistas, impulsionando uma alta de mais de 50% nos papéis do banco ao longo do ano, a crescente taxa de inadimplência acendeu sinais de alerta entre os especialistas. Em um momento em que a maioria dos concorrentes brasileiros está observando uma queda nas taxas de inadimplência, o aumento observado no Nubank gerou preocupações sobre a qualidade dos ativos da instituição.

Rafael Reis, analista do BB Investimentos, questiona se a alta na inadimplência pode ofuscar a expansão contínua das operações do Nubank. Em seu relatório, Reis destacou que, apesar da escalada na inadimplência, o resultado do segundo trimestre do Nubank suavizou as preocupações, principalmente devido ao recuo na inadimplência de curto prazo e à expansão da margem financeira.

A inadimplência de curto prazo no Brasil caiu 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, situando-se em 4,5%. No entanto, a inadimplência acima de 90 dias aumentou 0,7 ponto percentual, alcançando 7%. Em comparação anual, ambas as taxas apresentaram crescimento.

Para a Levante Investimentos, o aumento na taxa de inadimplência acima de 90 dias levanta questões sobre a qualidade dos ativos do Nubank, especialmente quando comparado a grandes bancos brasileiros como Itaú e Bradesco, que apresentam taxas de inadimplência de 2,7% e 4,3%, respectivamente. A piora na qualidade do crédito e o aumento na inadimplência são considerados fatores críticos para a tese de investimento na companhia.

A Estratégia do Nubank: Balancear Riscos e Rentabilidade

Guilherme Lago comentou que o aumento na inadimplência acima de 90 dias foi uma consequência do aumento observado na inadimplência de curto prazo no trimestre anterior. O Nubank tem aumentado a participação do crédito pessoal em sua carteira total, o que permitiu à instituição oferecer crédito para segmentos de maior risco. Esse movimento, segundo Lago, está alinhado com a estratégia do banco de equilibrar riscos com uma rentabilidade adequada, mesmo que isso implique em um aumento nas taxas de inadimplência.

O banco digital enfatizou que a alta na carteira de crédito e as taxas de inadimplência estão dentro do esperado e fazem parte de uma estratégia de risco planejado. Lago pontuou que o aumento no risco de crédito tem sido compensado por receitas maiores, o que, por sua vez, tem impulsionado a rentabilidade do Nubank.

Expansão Geográfica: Desafios e Oportunidades

Com um total de 104,5 milhões de clientes no final do segundo trimestre de 2024, o Nubank consolidou sua posição como um dos principais players no setor financeiro da América Latina. A maior parte dos clientes está concentrada no Brasil, mas a fintech também expandiu suas operações para o México, onde alcançou 7,8 milhões de clientes, e para a Colômbia, com 1,3 milhão de clientes.

A estratégia de crescimento agressivo do Nubank, aliada à sua capacidade de inovação e expansão geográfica, posiciona a fintech como um protagonista de destaque no cenário financeiro regional. No entanto, analistas como Rafael Reis, do BB Investimentos, apontam que ainda há uma questão em aberto: a rapidez com que o Nubank conseguirá capturar resultados mais expressivos em outros mercados fora do Brasil.

O desempenho do Nubank no segundo trimestre de 2024 destaca sua capacidade de crescimento e resiliência em um cenário econômico desafiador. No entanto, os desafios relacionados à inadimplência e à qualidade dos ativos permanecem como pontos de atenção para investidores e analistas. A fintech, conhecida por sua abordagem inovadora e agressiva, continua a trilhar um caminho de expansão, equilibrando riscos e oportunidades em sua jornada para se consolidar como líder no setor financeiro latino-americano.