Lula Reage a Dados da ONU e Propõe Aliança Contra a Fome: Confira!
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No dia 24 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “estarrecedores” os dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a insegurança alimentar global. Em um evento do G20 no Rio de Janeiro, onde foi discutida a formação de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, Lula destacou que a fome é uma consequência direta de “escolhas políticas”, segundo informações do portal g1.
Dados Alarmantes da ONU
Um relatório da ONU revelou que, em 2023, 733,4 milhões de pessoas sofreram com a fome ao menos por um dia, representando 1 em cada 11 habitantes do mundo. Na África, essa proporção é ainda mais alarmante: 1 em cada 5 cidadãos passou fome no último ano. Além disso, considerando a insegurança alimentar moderada, que inclui dificuldades para obter alimentos em quantidade e qualidade adequadas, 2,33 bilhões de pessoas foram afetadas globalmente.
“Os dados divulgados hoje pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores. A pobreza extrema aumentou pela primeira vez em décadas. O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas”, afirmou Lula.
Situação na África, Ásia e América Latina
Lula enfatizou que o problema da fome é particularmente grave na África e na Ásia, mas também persiste em partes da América Latina. Ele alertou que, mesmo em países ricos, há um aumento da “pobreza alimentar” e da “epidemia de obesidade”.
Ao final de sua fala, Lula se emocionou ao afirmar que a concentração de renda “simboliza miséria, prostituição, analfabetismo, empobrecimento e fome”. Ele destacou a importância de os governantes olharem para as pessoas que são invisibilizadas pela desigualdade social. Durante o pronunciamento, Lula também prometeu que o Brasil sairá do “Mapa da Fome” até o fim de seu terceiro mandato, em 2026.
Iniciativas e Críticas
O presidente ressaltou que o mundo produz alimentos em quantidade suficiente para erradicar a fome e que esta resulta de escolhas políticas inadequadas. “Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, disse Lula.
Ele também criticou os gastos mundiais com armamentos, que subiram 7% no último ano, alcançando 2,4 trilhões de dólares. Lula classificou a reversão dessa lógica como um imperativo moral e essencial para o desenvolvimento sustentável.
Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
Lula explicou que a aliança será gerida a partir de um secretariado nas sedes da FAO em Roma e em Brasília, com metade dos custos cobertos pelo Brasil. “Sua estrutura será pequena, eficiente e provisória, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030, quando será desativada”, detalhou o presidente.
Ele expressou a expectativa de encontrar representantes dos países do G20 e de organismos internacionais na cúpula do bloco, que será realizada em novembro no Rio de Janeiro, para o lançamento oficial da Aliança Global e o anúncio dos membros fundadores.
Propostas Econômicas de Haddad
No evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a ampliação da taxação dos mais ricos como uma medida justa para captar recursos destinados ao combate à fome e à pobreza. “A fome e a pobreza não são fatalidades ou produto de condições imutáveis. A comunidade internacional tem todas as condições para garantir a cada ser humano neste planeta uma existência digna. O que tem faltado é vontade política”, afirmou Haddad.
Ele destacou que a aliança pretende conectar fundos já existentes para garantir um trabalho mais efetivo e coordenado na área, argumentando que combater a desigualdade tem reflexos positivos na economia. “Incluir o pobre no orçamento é um ótimo investimento em termos econômicos e sociais”, concluiu o ministro.
Lula também defendeu a taxação de grandes fortunas, observando que a riqueza de bilionários aumentou de 4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas décadas. “Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global fortalecendo iniciativas existentes e incluindo os bilionários”, afirmou o presidente.
O discurso de Lula no G20 e as propostas apresentadas por seu governo refletem uma abordagem multifacetada para combater a fome e a pobreza. A ênfase na necessidade de mudanças políticas e econômicas, bem como na cooperação internacional, destaca a urgência e a complexidade do problema, mas também aponta para possíveis caminhos de solução.