No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a delação premiada de Ronnie Lessa, acusado do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, trouxe novos elementos à tona. O conteúdo da delação indica que a pessoa delatada como possível mandante dos assassinatos possui foro por prerrogativa de função, também conhecido como foro privilegiado. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.
Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que tiraram a vida de Marielle e Anderson, fechou um acordo de colaboração com a Polícia Federal. Sua delação é considerada crucial pelos investigadores, pois pode revelar os nomes dos possíveis mandantes por trás desse crime que chocou o país. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, declarou que o desfecho do caso é esperado ainda neste primeiro trimestre de 2024.
Élcio de Queiroz, que dirigia o carro no momento do assassinato e já colaborou com a PF no ano anterior, mencionou o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, como possível envolvido no crime. A suspeita é de que Ronnie Lessa também tenha citado Brazão, levando em consideração o foro privilegiado do conselheiro.
Antes da delação, Brazão já havia sido investigado por atrapalhar as investigações do caso. Há a suspeita de que ele teria manipulado testemunhas para incriminar outras pessoas, como o então vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica. Ferreirinha, policial militar envolvido no caso, chegou a responder por obstrução da Justiça.
Em resposta ao O Globo, Brazão expressou confiança na Justiça e afirmou que espera a elucidação do caso. “Depois das famílias de Marielle e Anderson, posso garantir que os maiores interessados na elucidação do caso somos eu e minha família. Tenho fé que, se houver mesmo essa delação, que, graças a Deus, isso termine logo”, destacou o conselheiro.
Marielle Franco foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. A vereadora, conhecida por sua atuação em defesa dos direitos humanos e das minorias, foi alvo de quatro disparos na cabeça, enquanto Anderson Gomes, seu motorista, foi atingido por três tiros nas costas e também não sobreviveu. O caso gerou comoção nacional e internacional, tornando-se símbolo da luta por justiça e contra a impunidade.