É possível ser pego no bafômetro após comer pão de forma? Saiba agora!
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Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou uma descoberta surpreendente: diversos pães de forma de marcas populares contêm quantidades significativas de álcool, a ponto de potencialmente causar resultados positivos em testes de bafômetro por embriaguez ao volante. A análise incluiu 10 marcas conhecidas, como Pulmann, Visconti, Bauducco e Wickbold, disponíveis em supermercados de todo o Brasil.
Resultados do Estudo
Quantidades de Álcool Encontradas
Das marcas testadas, seis apresentaram um teor de álcool suficiente para serem classificadas como alimentos alcoólicos. Por exemplo, a marca Visconti mostrou um teor alcoólico de 3,37%, enquanto a Bauducco apresentou 1,17%. No Brasil, produtos com mais de 0,5% de etanol são considerados alcoólicos, um patamar que essas marcas ultrapassaram significativamente.
Fontes de Álcool nos Pães
O álcool nos pães é geralmente um subproduto do processo de fermentação, que é parcialmente eliminado durante o cozimento. No entanto, a Proteste identificou que o álcool também é adicionado como conservante em alguns produtos, aumentando os níveis residuais. Este aspecto, geralmente não comunicado aos consumidores, representa um risco potencial, especialmente para crianças e gestantes.
Impacto no Consumo e Testes de Bafômetro
O estudo simulou o risco de motoristas excederem o limite legal em um teste de bafômetro após o consumo de duas fatias de pão. Descobriu-se que três marcas poderiam colocar os condutores em risco de serem flagrados por embriaguez ao volante:
- Visconti: 1,69% de álcool por duas fatias
- Bauducco: 0,59% de álcool por duas fatias
- Wickbold 5 zeros: 0,45% de álcool por duas fatias
A Proteste alerta para a necessidade de maior transparência nas informações sobre os ingredientes e processos de fabricação desses produtos, a fim de proteger os consumidores e garantir a segurança alimentar.
Respostas das Marcas
Bauducco e Visconti
A Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, esclarece que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes.
Panco
A Panco, com mais de 70 anos de presença no mercado brasileiro, sempre pautou sua atuação pela conduta ética e compromisso com a qualidade de seus produtos, bem como com a saúde e segurança de todos os seus públicos. A empresa atesta a adoção de práticas alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e ao cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos. Para assegurar esses padrões, a Panco possui rígidos controles de qualidade, tanto internos quanto envolvendo fornecedores externos, além de estabelecer mecanismos criteriosos de homologação de seus fornecedores de matérias-primas.
A respeito do estudo da Proteste, a Panco informou que não foi notificada em nenhum momento pela responsável pelo levantamento, desconhecendo, portanto, sua metodologia. A empresa esclarece que não utiliza etanol na fabricação do pão, mas que ele pode resultar do processo de fermentação, sendo os resíduos não intencionais aceitos pelas normas e legislações vigentes. A Panco reitera seu compromisso com a qualidade de seus produtos e está empenhada em realizar análises complementares para entender os pontos levantados e avaliar a necessidade de eventuais adaptações em seus processos. A empresa também esclarece que seus produtos chegam nas grandes lojas até no máximo 48 horas depois de produzidos, garantindo a maciez, frescor e sabor que os consumidores merecem.
Wickbold
O Grupo Wickbold, que detém a marca de mesmo nome e a Seven Boys, reforça que todas as receitas de produtos, assim como todas as áreas da empresa, seguem protocolos de segurança e qualidade com o mais alto teor de controle, bem como cumprem toda a legislação vigente, dentro dos parâmetros impostos pelas normas estabelecidas. A fabricante não foi notificada sobre o referido estudo e a metodologia utilizada, por isso não é possível qualquer manifestação sobre ele. Contudo, após ter acesso ao estudo e à metodologia empregada, a empresa se compromete a prestar os esclarecimentos necessários, confirmando seu legado de ética, transparência e respeito às pessoas mantido há 86 anos.
O estudo da Proteste revelou uma questão preocupante sobre a presença de álcool em pães de forma de marcas populares no Brasil. A descoberta de que alguns desses produtos contêm níveis de álcool suficientes para potencialmente causar resultados positivos em testes de bafômetro ressalta a necessidade de maior transparência e rigor na comunicação dos ingredientes e processos de fabricação.
As respostas das marcas destacam um compromisso com a qualidade e segurança dos alimentos, mas também apontam para a necessidade de uma investigação mais aprofundada e possíveis ajustes nos processos de produção. Os consumidores, por sua vez, devem estar atentos às informações sobre os produtos que consomem e buscar entender os componentes e processos envolvidos na fabricação dos alimentos que colocam em suas mesas.
A Proteste, ao trazer esses dados à tona, cumpre um papel crucial na defesa dos direitos dos consumidores e na promoção de um mercado mais transparente e seguro. É essencial que os órgãos reguladores e as empresas trabalhem juntos para garantir que os alimentos oferecidos aos consumidores brasileiros sejam seguros e estejam de acordo com as normas e expectativas de qualidade.