Um levantamento recente da Quantum Finance revelou um panorama preocupante sobre as finanças das grandes empresas brasileiras. Segundo o estudo, as 10 maiores dívidas das empresas em recuperação judicial no Brasil somam juntas R$ 141 bilhões. Esse valor impressionante supera o Produto Interno Bruto (PIB) de quase metade dos estados brasileiros.
Os dados incluem apenas empresas de capital aberto na B3 que entraram em recuperação judicial nos últimos dois anos, utilizando os números consolidados dos balanços financeiros mais recentes. A pedido da InfoMoney, o relatório destacou algumas das principais empresas endividadas:
Para ilustrar a magnitude dessas dívidas, André Vasconcellos, vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), destacou que as economias de 12 estados brasileiros são menores que o montante das 10 maiores dívidas das empresas em recuperação judicial no país. Entre esses estados estão Amazonas, com um PIB de R$ 131,5 bilhões, e Maranhão, com R$ 124,9 bilhões.
A quantidade de empresas que solicitaram recuperação judicial tem crescido significativamente. Nos quatro primeiros meses de 2024, o número de pedidos cresceu 80% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados da Serasa Experian. Foram registrados 685 pedidos de recuperação judicial até abril, comparados aos 382 do ano anterior. Em 2023, os pedidos já haviam aumentado 68,7% em relação a 2022.
André Vasconcellos sugere que o perfil das dívidas das empresas brasileiras é um dos fatores que explicam o aumento dos pedidos de recuperação judicial. As dívidas variam em custo e condições, o que pode representar um risco maior para a liquidez das empresas, especialmente quando são de curto prazo. Outros fatores mencionados incluem:
Empresas com boa governança tendem a ter práticas mais robustas de gestão de dívida, incluindo relatórios financeiros detalhados e transparentes, com informações claras sobre a estrutura da dívida, vencimentos, custos e riscos associados.
O cenário macroeconômico brasileiro, frequentemente influenciado por inflação, variações nas taxas de juros e câmbio, além do cenário político, torna-se mais vulnerável, impactando negativamente a capacidade de financiamento das empresas.
Os setores mais afetados pelos pedidos de recuperação judicial em 2024 foram:
Além disso, os pedidos de falência também apresentaram um aumento significativo. Em abril, foram 90 pedidos de falência, um crescimento de 69,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O levantamento da Quantum Finance evidencia a gravidade da situação financeira das grandes empresas brasileiras em recuperação judicial. A combinação de um cenário macroeconômico desafiador, perfil de dívida arriscado e crescimento dos pedidos de recuperação judicial e falência aponta para um momento de alerta e necessidade de estratégias robustas de gestão e governança para superar essa crise.
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