Com o aval do governo federal, a indústria brasileira está planejando importar arroz da Tailândia, o segundo maior exportador do mundo, após a Índia. Esta decisão estratégica surge em resposta às recentes enchentes que deixaram parte das plantações de arroz do Rio Grande do Sul submersas, o que representa um sério golpe para o estado com a maior produção nacional do grão.
A situação emergencial é agravada pela iminência de uma inflação nos preços do arroz. O Brasil consome praticamente toda a produção nacional de arroz, sendo que mais de dois terços desse cereal são cultivados exclusivamente no Rio Grande do Sul. A tragédia das enchentes já resultou na perda estimada de pelo menos 800 mil toneladas de arroz até o momento, incluindo plantações e estoques.
No entanto, é importante destacar que a oferta de arroz brasileira já estava reduzida antes mesmo das chuvas catastróficas. As enchentes do ano anterior já haviam atrasado o plantio, diminuindo assim a quantidade de grãos armazenados e disponíveis.
Estratégias para Contornar a Especulação do Arroz:
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou a liberação da compra de até 1 milhão de toneladas do grão como medida emergencial. Em entrevista ao Estúdio i, Fávaro explicou que essa ação não significa necessariamente a compra total das 1 milhão de toneladas, visto que o Brasil é praticamente autossuficiente na produção de arroz. O objetivo é evitar a escassez e o aumento dos preços nos supermercados. No entanto, o ministro ainda não revelou a origem nem a quantidade exata do cereal a ser adquirido.
Além disso, o ex-presidente Lula sinalizou a possível importação de arroz e feijão caso seja necessário, demonstrando uma postura de cooperação em meio à crise.
Por que a Tailândia?
Durante a pandemia, o Brasil já havia importado arroz da Tailândia como recurso de emergência. A escolha desse país se deve principalmente ao preço e à qualidade do produto. Andressa Silva, diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), explicou ao G1 que cada saca de arroz importada custou cerca de R$115, tornando-a uma opção viável.
Embora os principais vendedores de arroz para o mercado brasileiro sejam países parceiros do Mercosul, como Paraguai, Uruguai e Argentina, o ministro Fávaro indicou que o cereal será adquirido preferencialmente desses países para evitar impactos negativos nos produtores locais. No entanto, segundo o consultor do Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o preço oferecido pelos países vizinhos é um pouco mais alto que o tailandês, sendo aproximadamente R$125 por saca. Além disso, alguns produtores sul-americanos não conseguiram investir na exportação do cereal devido aos efeitos do El Niño em suas plantações.
Em suma, a importação de arroz da Tailândia representa uma medida emergencial para mitigar os impactos da escassez causada pelas enchentes no Brasil. No entanto, é fundamental que o governo e os órgãos competentes trabalhem em conjunto para encontrar soluções sustentáveis e de longo prazo para garantir a segurança alimentar do país.