Os últimos 15 minutos de “Bom Dia, Verônica” mergulham diretamente no universo das graphic novels criminais, transportando os espectadores para uma cena de clímax catártico. O roteirista Raphael Montes e o diretor José Henrique Fonseca se unem para criar um final que abraça completamente as tendências quadrinescas, deixando de lado a abordagem realista do thriller policial que caracterizou as duas temporadas anteriores.
Ao longo desta temporada final, “Bom Dia, Verônica” gradualmente se despe das pretensões dramáticas elevadas que tentou manter, principalmente devido às limitações de tempo. Com apenas três episódios totalizando menos de 3 horas de conteúdo, a série confirma que os personagens arquetípicos e as resoluções fáceis sempre tiveram mais potencial para longas-metragens do que para televisão serializada.
Por mais simples que possam parecer suas emoções e temas, Raphael Montes demonstra uma habilidade excepcional em contar histórias. O suspense criado nesta terceira temporada prospera no ritmo alucinante que ele mesmo estabeleceu, mergulhando na potencialidade de choque e construindo uma narrativa envolvente a partir da mistura de perturbação psicológica e denúncia social.
Nesse contexto de assumir uma aura de história de super-herói, a série permite que os atores exibam seus personagens de forma mais vívida. Tainá Müller, que anteriormente enfrentou dificuldades para construir Verônica como um personagem crível, agora a retrata como um símbolo, extrapolando escolhas visuais icônicas em gestos cada vez mais marcantes. Enquanto isso, Rodrigo Santoro, como Jerônimo, representa um antagonista incrivelmente humano, encerrando a trindade de vilões institucionais da série.
“Bom Dia, Verônica” não apenas explora o abuso escondido nos pilares fundamentais da sociedade contemporânea, mas também reconhece que a luta contra o mal nunca termina. Ao abraçar sua natureza de fantasia catártica, a série parece finalmente entender sua verdadeira força.